GOOD VIBRATIONS
Vivência de arte em Sex Shop // Fundo de Incentivo à Cultura de Contagem // 2017
1 Edição: Sex Shop Elle & Ella
A arte só é reconhecida como tal quando está nos circuitos dos grandes museus? E quando a arte é censurada e proibida? Quando o museu se calcifica totalmente como espaço de um discurso hegemônico, reforçador de fronteiras e território devidamente delineados? Nesse momento é que o artista sai de si mesmo e repensa todo o seu modo de fazer e de como expor a arte.
Se, no ponto de vista platônico, a arte embaralha a partilha das identidades, porque acontece em um lugar de múltiplas atividades, o que dizer da arte que sai do museu rumando para espaços que também já foram definidos pelo senso comum? No museu, um vibrador se torna uma peça de arte; na sex shop o vibrador se torna o quê?
No momento atual os censores despolitizam a obra de arte, territorializando-a - não apenas ela, mas também o espaço. Chegou a hora de sair do museu. Um século depois de Duchamp tirar o urinol do banheiro, é hora de reconfigurar os espaços originários das peças. Aqui, faz-se o caminho contrário. Tem-se vibradores, vai-se à sex shop. Não mais desterritorializamos os espaços, mas, finalmente, a nós mesmas. Rancière diz que novos modos do sentir induzem novas formas da subjetividade política, e que partilhar o sensível é o cerne dessa subjetivação. Em um ambiente em que vibrador é percebido ora como utilitário, ora como prática sensível, cumpriremos a partilha estética agindo politicamente. Sentir é a nossa revolução, sentiremos a obra de arte com o corpo, interno e externo, dos fios do cabelo às pontas dos pés. O vibrador deixará de ser apenas objeto fálico, representativo de uma sexualidade hegemônica, e passará a ser um instrumento completo de prazer estético - aquele que impulsiona o corpo inteiro, do riso ao gozo. Vamos entrar no jardim das delícias, sem mapa e sem regras.
Texto crítico: Emanuela Siqueira
Se, no ponto de vista platônico, a arte embaralha a partilha das identidades, porque acontece em um lugar de múltiplas atividades, o que dizer da arte que sai do museu rumando para espaços que também já foram definidos pelo senso comum? No museu, um vibrador se torna uma peça de arte; na sex shop o vibrador se torna o quê?
No momento atual os censores despolitizam a obra de arte, territorializando-a - não apenas ela, mas também o espaço. Chegou a hora de sair do museu. Um século depois de Duchamp tirar o urinol do banheiro, é hora de reconfigurar os espaços originários das peças. Aqui, faz-se o caminho contrário. Tem-se vibradores, vai-se à sex shop. Não mais desterritorializamos os espaços, mas, finalmente, a nós mesmas. Rancière diz que novos modos do sentir induzem novas formas da subjetividade política, e que partilhar o sensível é o cerne dessa subjetivação. Em um ambiente em que vibrador é percebido ora como utilitário, ora como prática sensível, cumpriremos a partilha estética agindo politicamente. Sentir é a nossa revolução, sentiremos a obra de arte com o corpo, interno e externo, dos fios do cabelo às pontas dos pés. O vibrador deixará de ser apenas objeto fálico, representativo de uma sexualidade hegemônica, e passará a ser um instrumento completo de prazer estético - aquele que impulsiona o corpo inteiro, do riso ao gozo. Vamos entrar no jardim das delícias, sem mapa e sem regras.
Texto crítico: Emanuela Siqueira
Good Vibrations é um projeto expositivo em que instalações compõe o espaço de consumo erótico - as sex shops. Enquanto estão no primeiro plano discursivo, as obras são também táticas para conhecer, desmistificar e pensar estes ambientes e seus produtos como lugar possível de descobertas - dos discursos produtivos, dos corpos e das sexualidades.
O projeto Good Vibrations foi aprovado e contemplado pelo Fundo de Incentivo à Cultura de Contagem em 2017. Sua primeira edição aconteceu no Sex Shop Elle & Ella, em Contagem (MG) - com abertura em 01 de Novembro.
As obras que compõe este ambiente expositivo se dividem em dois eixos: orgânicas e produtivas. Enquanto algumas delas são confeccionadas e adaptadas as sex shops outras são criadas no momento da expografia, resgatando e evidenciando produtos e espaços específicos de cada local. Em Good Vibrations as obras são resultantes de problemáticas do próprio local, os mediadores são vendedores que explicam sobre práticas e produtos e a arte uma possibilidade de questionamento.
As experiências resultantes de Good Vibrations, não estão focalizados em metanarrativas. Por meio a interdisciplinaridade, as trocas e os diálogos, busca-se a pluralidade e novas maneiras de contar, compreender e problematizar a historicidade de artefatos e de espaços.
O livro catálogo
O catálogo da exposição é uma reunião de textos do artista e pesquisadores sobre o assunto condutor da proposta deste projeto. Como um mediador, auxilia os visitantes a aprofundarem-se no tema por meio a um embasamento teórico.
Espera-se que o material organizado seja referência aos estudos de Gênero e de Artes Visuais, visto que existe atualmente pouco material disponível que coloquem em debate as alternativas expositivas, a legitimação dos espaços museológicos diante as sexualidades e subjetividades e principalmente material que problematize bens eróticos e sex shops.
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